SURURU DE GATO
Totti latia desarvorado e nervoso para o filhote de gato que - encolhido no canto do portão - tremia na frente dele que nem vara de bambu.
Depois de muito tempo confinado na canaleta do jardim,o bichano resolveu sair pra fora e deu de cara com o cachorro. De corpo manchado em preto e branco e molhado que nem um pinto ( porque era dia de faxina no jardim ) o gatinho se arrepiava e arreganhava os dente e unhas pronto para atacar e se defender de qualquer um que chegasse perto. O fox Totti agarrou o gato por uma perna e o arrastou por um metro no chão de cimento na garagem.No meio da gritaria ( minha,da minha irmã ,do cachorro e do gato) peguei o esguicho do jardim e bati violentamente no chão ameaçando Totti de uma surra. Com medo da chicotada e do meu surto emocional,Totti largou o gato e saiu correndo pra dentro da casa.
Pedi a minha irmã que trouxesse um cobertor velho ou um pano grosso para jogar em cima do gato,e imobilizá-lo temporariamente. No entanto ela me trouxe um pano de chão fino e pequeno que joguei indecisa sobre o bichano.Quando tentei pegá-lo,o felino virou a cabeça e me lascou uma mordida em um dos dedos da mão direita.Levei o bicho para o jardim dos fundos da casa e fechamos a porta para isolar do cachorro.
Meu dedo sangrava ininterruptamente.Lavei bastante com água e sabão e taquei antisséptico.Demorou pra parar de sangrar porque o dentinho do gato pegou bem ao lado da unha. Agora a noite,no escuro do quintal,ouvimos miados e vimos sombras de gato rondando o telhado.Talvez seja a mãe gata que veio resgatar o filhote.Só amanhã é que vamos saber. Fato é que estou aqui com o dedo latejando e inchado.
Da próxima vez não me intrometo.Gato,cachorro e minha irmã que se virem nos trinta. Nesse turbilhão não entro mais.
Maat / 2016